Relatado caso de super gonorréia na Inglaterra

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Foi descrito na Inglaterra, este ano, um caso de gonorréia em um inglês, após viagem ao sudeste asiático. O homem apresentou a infecção na garganta, o que sugere ter sido sexo oral a forma de contaminação.

A Neisseria gonorrhoeae (também conhecida como gonococo) isolada apresentou alto nível de resistência a ceftriaxona e azitromicina, que são habitualmente utilizadas neste tratamento.

Este é um dado preocupante e que reflete a observação empírica de muitos serviços que tratam este tipo de doença. Esta bactéria já tinha sido incluída pela OMS em uma lista de bactérias problemáticas, para a qual há poucas e muito restritas opções de tratamento.

 

Morte por vibrião após consumir ostra

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Um homem de 71 anos morreu após comer ostras cruas, provavelmente contaminadas por Vibrio vulnificus.

Esta bactéria costuma ser contaminante de frutos de mar e pode causar infecções severas em ferimentos causados por estes alimentos. A infecção, inicialmente localizada, pode progredir rapidamente para celulite ou fasciíte necrotizante e sepse, com risco de morte.

Segundo a Agência de Saúde Pública do Canadá, houve 176 casos de doenças gastrointestinais relacionadas à ostra entre meados de março e meados de abril de 2018, incluindo 137 na Colúmbia Britânica, 14 em Alberta e 25 em Ontário. O surto se espalhou para os EUA também, o que resultou em pelo menos 100 casos na Califórnia. Mais da metade dos pacientes que desenvolveram bacteremia e sepse por esta bactéria morreram.

Aqui no Brasil, não há dados consistentes, mas relatos de literatura demonstram que o problema existe aqui.

 

OMS define as 10 maiores ameaças de 2019

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A OMS anunciou uma lista de 10 questões de saúde que exigirão sua atenção em 2019. Para abordar essas questões, a OMS está iniciando um plano estratégico de 5 anos, o 13º Programa Geral de Trabalho. O plano tem uma meta de garantir que um bilhão de pessoas a mais se beneficie do acesso aos serviços de saúde, mais 1 bilhão de pessoas estejam protegidas das emergências de saúde e mais 1 bilhão de pessoas experimentem melhor saúde e bem-estar.

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Poluição do ar e mudanças climáticas

Novas populações estão experimentando o aumento das ameaças da doença de Lyme, porque os carrapatos de pernas pretas migram para o norte em zonas que antes eram frias demais para sua sobrevivência. Assim como outros vetores de doenças, os carrapatos de pernas pretas se reproduzem e sobrevivem melhor em altas temperaturas, de acordo com Ben Beard, PhD, chefe do Departamento de Doenças Bacterianas da Divisão de Doenças Transmitidas por Vetores do CDC.

 

Doenças não transmissíveis

Segundo a OMS, as doenças não transmissíveis são responsáveis por 70% das mortes no mundo. Pesquisadores descobriram que as comorbidades por HIV, principalmente doenças não transmissíveis relacionadas à idade, estão aumentando à medida que a população infectada pelo HIV envelhece.

 

Pandemia de influenza

Os especialistas acreditam que a chamada vacina da gripe “universal” pode proteger os pacientes contra todas as cepas do vírus por décadas – talvez até uma vida inteira. Isso poderia significar um mundo sem epidemias sazonais e pandemias globais de gripe, que permanecem entre as maiores ameaças de doenças infecciosas do mundo. Ao contrário das epidemias sazonais, que ocorrem principalmente no inverno na maior parte do mundo, as pandemias podem durar um ano ou mais e ocorrem quando novos vírus influenza sofrem mutações e começam a infectar humanos.

 

Más condições de habitação

A OMS expressou recentemente uma “séria preocupação” com as condições do assentamento de Rukban na Síria, localizado perto da fronteira com a Jordânia, onde cerca de 40.000 pessoas permanecem presas. O risco de doenças respiratórias associadas à superlotação e à poluição do ar em ambientes fechados, incluindo infecções respiratórias agudas, influenza, sarampo e tuberculose, e doenças respiratórias crônicas como a asma, são particularmente preocupantes para crianças pequenas no assentamento.

 

Resistência bacteriana

Nos últimos anos, muita ênfase tem sido dada ao uso cauteloso e apropriado de antibióticos como meio de mitigar a ameaça da resistência antimicrobiana. No entanto, a prescrição excessiva de antibióticos continua sendo uma preocupação, particularmente em ambientes ambulatoriais, como consultório médico, centros de atendimento de urgência, clínicas e departamentos de emergência.

 

Ebola e outros agentes perigosos

A Sociedade para a Epidemiologia em Saúde da América pediu uma resposta renovada, coordenada e internacional ao surto do vírus Ebola em curso na República Democrática do Congo, ou RDC. A declaração foi dada após o anúncio de que um trabalhador de saúde dos Estados Unidos foi evacuado para um hospital em Nebraska depois de possivelmente ter sido exposto ao Ebola na República Democrática do Congo. Os EUA evacuaram a equipe do CDC da zona de surto meses atrás devido a temores de segurança.

 

Cuidados primários de saúde deficientes

Para o alcance da cobertura universal de saúde é necessária uma forte atenção primária à saúde, de acordo com a OMS. Um estudo recente mostrou que os residentes em “pontos frios” – ou comunidades com pouco acesso a cuidados regulares de saúde – eram mais propensos a ter doenças crônicas, como a obesidade, e eram menos propensos a fazer exames de câncer.

 

Movimento antivacina

Mais da metade dos projetos de lei propostos pelos legisladores estaduais em relação à imunização ampliaria o acesso das pessoas às isenções de vacinas, segundo pesquisa publicada no American Journal of Public Health. Embora os pesquisadores observem que a maioria dos projetos assinados em lei restringem o acesso a isenções, eles disseram que a prevalência da mentalidade anti-vacina deve levantar preocupações sobre a saúde pública.

 

Dengue

Um novo estudo sugere que pacientes com infecção assintomática pelo vírus da dengue são 80% tão infecciosos quanto pacientes sintomáticos, ressaltando o importante papel da “transmissão silenciosa” na disseminação da doença, de acordo com pesquisadores.

 

HIV

Com base em uma revisão sistemática e metanálise dos dados disponíveis, os pesquisadores calcularam que cerca de 14% das mulheres transgêneras e 3% dos homens transexuais nos Estados Unidos têm HIV. Embora a estimativa da prevalência do HIV para mulheres transgênero seja menor do que as estimativas anteriores, os pesquisadores notaram que ela “ainda é substancial em comparação com outras populações vulneráveis”.

 

Fonte: WHO. Ten threats to global health in 2019

https://www.who.int/emergencies/ten-threats-to-global-health-in-2019

Accessed January 16, 2019.

Dia do Infectologista

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Olá, meu leitor!

Neste dia dedicado a nós, médicos infectologistas, reproduzo o texto escrito por um colega, Eduardo Medeiros, infectologista de São Paulo, atual presidente da sociedade paulista de infectologia.

Presto aqui, também, a minha homenagem ao grande mestre da Infectologia em Alagoas, Dr Hélvio Auto, incansável na luta diária com seus pacientes, no ensino da infectologia na Ufal e na antiga Escola de Ciências Médicas e no Hospital de Doenças Tropicais, que hoje leva seu nome, Hospital Escola Dr Hélvio Auto.

Salve 11 de abril!

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Dia do Infectologista: O que é ser um médico infectologista nos dias de hoje

 O médico infectologista é um profissional treinado para realizar o diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças infecciosas e parasitárias. Após anos de estudos e sólida formação clínica, tornam-se especialistas nas infecções causadas por vírus, bactérias, fungos e parasitas. Conhecem técnicas diagnósticas e conhecimento profundo sobre o uso de antivirais, antibióticos, antifúngicos e antiparasitários. Conhecimento fundamental pelo aumento da resistência microbiana, para a escolha do melhor tratamento da infecção. Alguns médicos infectologistas se aprofundam em temas específicos como Aids, hepatites, infecção relacionada à assistência à saúde (Infecções hospitalares), infecção em transplantados, epidemiologia e diagnóstico laboratorial. Dentro da especialidade, podem optar pelo estudo em áreas de atuação específicas como Medicina Tropical, Infectologia Pediátrica ou Hospitalar.

O Infectologista, nos dias de hoje, é um profissional que consegue entender o paciente dentro de sua inserção social e epidemiológica, é um médico que entende a doença como um todo e não apenas de um só órgão ou sistema. Estuda a complexa relação hospedeiro parasita, os mecanismos da inflamação, a sepse, a resistência microbiana, o uso adequado de antimicrobianos e seus eventos adversos.

Em geral, são líderes e referências dentro de suas instituições. Nos hospitais, são muito requisitados para avaliar pacientes para aquelas doenças que ainda não se chegou ao diagnóstico, pacientes com febre, lesões cutâneas, sepse, problemas que envolvem a segurança do paciente, questões técnicas sobre qualidade da água e do ar no hospital, isolamentos, infecções associadas a dispositivos, imunodeprimidos,  surtos e dificuldades diagnósticas do laboratório de microbiologia. Enfim, não é por acaso que muitos infectologistas se tornam bons diretores de hospitais por terem visão sistêmica de muitos processos assistenciais que envolvem as instituições.

Com essa experiência, o Infectologista é chamado para elaboração de planos de ação contra epidemias a exemplo da febre amarela em São Paulo, dengue, toxoplasmose, hepatite A, Influenza H1N1, vacinas, entre outros. Frequentemente, são chamados pelos órgãos governamentais para estabelecerem políticas de utilização de antirretrovirais, tratamento das hepatites, vacinas. Assim, eles compõem grande parte dos profissionais dos comitês estaduais e do Ministério da Saúde: imunização, Aids, hepatites, antimicrobianos, transplantes entre outros.

O Infectologista é um profissional essencial para a prática médica e a saúde pública. Porém, o ensino com qualidade das doenças infecciosas e parasitárias vai além do especialista, deve fazer parte da formação médica e da residência médica, independentemente da especialidade. O Brasil está vivendo o ressurgimento de doenças como sarampo, febre amarela, o crescimento da infecção pelo HIV, especialmente em jovens, em diversas regiões do país, além do crescimento de casos de sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis.

Os desafios são imensos para a nossa especialidade. Estamos presenciando o crescimento de novas técnicas diagnósticas, rápidas e específicas, novos antibióticos e antifúngicos, conseguimos alcançar a cura da hepatite C com drogas de baixa toxicidade, o controle da infecção pelo HIV com melhor qualidade de vida, novas vacinas, anticorpos monoclonais e imunobiológicos cada vez mais eficientes. Ótimas notícias! Entretanto, esses avanços beneficiam apenas parte da população que tem acesso a estas novas tecnologias.

A desigualdade social é a raiz de muitos problemas que envolvem as doenças infecciosas. A busca de alternativas para viabilizar economicamente o sistema único de saúde, garantindo assistência segura, universal e digna para toda a população brasileira deve estar no nosso dia a dia como profissionais de saúde.